UM HOMEM E UM PÁSSARO

03/05/2014 01:17

Tudo começou num torneio de canto livre na AOPE, quando o amigo Diógenes levou um desconhecido pardinho do André para participar. Desde ali, percebi que aquele não era um simples pardinho e aquela forma de cantar ligeiro e curto, poderia ser comportamento típico de quem tinha muito a brilhar. Ao tentar vários contatos com André, infelizmente o mesmo não tinha interesse em transacionar aquele que um dia, sem que ninguém imaginasse, seria um forte candidato a ser campeão brasileiro. O tempo se passou, aquele que era pardinho amarelou e, infelizmente, começou a apresentar calos enormes nas duas patas. André, em momento de desespero, resolveu então passar prá frente o canarinho cheio de calos e com penas feias de tanta medicação, me oferecendo e eu sem querer aceitar por já ter o Shev e o Harmonia.

 

De tanto ele baixar  o preço e pedir praticamente por favor, resolvi, depois de oferecer a Diogo e dizer a ele que o bichinho tinha futuro, aceitar o desafio de, ao menos, poder resgatar a vida daquele pássaro. O amigo Joaquim recebeu o canarinho em casa para que eu fosse buscar em seguida e o que me marcou foi a ligação dele dizendo:

- Tu é doido de pegar um passarinho desse? Cara de doente, parece mais que vai morrer!

Daí falei: Relaxa, painho! Esse aí vai dar o que falar. hehehe.

 

Foi aí então que surgiu uma grande história de sucesso entre um homem e um pássaro. Algumas lidas na internet e verifiquei que, apesar de o mesmo ter os dedos de trás duros, nada impedia que o problema de calo fosse sanado. Trocando os poleiros por poleiros frisados e o dorminhoco por canoa, a chance de tudo ser resolvido era grande.

 

Foi aí então que os calos começaram a secar, as penas feias caindo e novas penas com muito mais brilho foram dando sinais de um novo pássaro, dessa vez com a saúde renovada. O canto aumentando e só então teve coragem de tomar o primeiro banho em casa, pois o mesmo não entrava na banheira.

 

Era hora de começar a mostrar aos amigos que o resultado era positivo e aquele que era um pássaro debilitado, poderia então dar sinais de um pássaro com muita fibra. Aquele pássaro desconhecido passou a se chamar Sintonia e não demorou para os resultados acontecerem em evolução constante. Aproximadamente 100, 120, 140, 170, 195, 195 (outra vez). Pronto, finalmente, para desespero de algumas pessoas de fora e alegria dos Pernambucanos. Eis que nosso Estado acabara de revelar uma fera que ainda se ouvirá muito falar.

 

Nessa breve história, alguns desafios pessoais foram alcançados. O primeiro foi com relação ao meu grande amigo Joaquim. Ao oferecer o Sintonia para tirar alguns filhotes no começo do surgimento dele em roda ouvi meu amigo gordinho dizendo que não teria interesse em tirar filhotes com aquele canário. Então aquele seria meu primeiro desafio: o de virar aquele "jogo" e fazer todos perceberem que aquele não era um simples passarinho. Desafio alcançado!

 

Há pouco tempo o nosso amigo Joaquim reconheceu que seria uma ótima ideia colocar o sangue dele no seu criatório. Prontamente, também, concordei com ele, mas por estratégia nossa, resolvemos fazer isso mais adiante.

(Um cheiro prá tu, gordinho!)

 

O segundo desafio foi provar para alguns que não acreditavam nos resultados do Sintonia, que o resultado dele refletia o que ele realmente era. Combinei com Charles que seria importante para a credibilidade do nosso torneio que nunca fosse repetido o marcador do Sintonia. Prontamente ele reconheceu que era o melhor a fazer e não deu outra, as médias sempre se confirmaram. Ontem conversando com o amigo Victor, o mesmo falou que era um dos que não sentiam muito firmeza nos resultados do sintonia, mas que, após marcar ele no último torneio, percebeu que ali realmente se tratava de um pássaro diferenciado e que certamente teria médias mais altas ainda.

 

Por fim, o terceiro desafio, seria provar para mim mesmo que, além de salvar a vida de um pássaro, era preciso acreditar sempre na realização de um sonho e após tantas tentativas, chegando até a ser criticado por alguns, essa vontade poderia dar certo e deu! O que antes era a busca de um simples canário que pudesse finalizar uma roda para poder realizar um torneio aqui, hoje é a revelação de um canário com possibilidade de ser campeão brasileiro.

 

O reconhecimento das qualidades do Sintonia não pararam por aí. Com o reconhecimento nacional, o Sintonia logo foi requisitado por alguns de fora do nosso Estado e hoje se encontra com Osmar em São Paulo prestes a iniciar uma nova fase da sua vida na disputa do brasileiro. Desejo muito boa sorte ao Sintonia e que ele possa provar cada vez mais que é preciso acreditar em um sonho.

 

Essa relação entre o homem e um pássaro não para por aí. A saudade é muito grande, mas a certeza de que nos encontraremos breve é maior ainda.

 

Até logo, Sintonia!

Muito obrigado por tudo, meu companheiro!

Leo